Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos
Há momentos em que a saúde é apenas pano de fundo da vida: o exame que corre bem, a viagem que se faz sem sobressaltos, a rotina que se cumpre sem pensar. E há momentos em que a saúde passa para o primeiro plano: a febre inesperada de uma criança, a medicação que é preciso ajustar, a dúvida sobre um tratamento. Em todos estes instantes, discretos ou marcantes, o farmacêutico está lá.
Ser farmacêutico é ser essa bússola que acompanha cada pessoa. Nem sempre estamos no centro da atenção, mas permanecemos sempre presentes, a orientar, a prevenir e a dar confiança. Somos parte da rede, por vezes invisível, que sustenta o quotidiano de uma comunidade: o conselho breve que evita um erro, a palavra de tranquilidade que chega na altura certa, a explicação que transforma algo complicado em algo simples e a investigação que pode mudar a vida da população, a intervenção crítica do farmacêutico em setores como as análises clínicas.
A profissão tem essa singularidade: tanto se move no espaço da ciência e da investigação, como no espaço íntimo da relação com as pessoas. É feita de rigor técnico, mas também de proximidade.
Neste Dia Nacional do Farmacêutico não celebramos apenas a história da profissão. Celebramos sobretudo a sua capacidade de se reinventar, de se adaptar aos tempos e de procurar sempre servir melhor. É essa ambição que a Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos tem procurado afirmar.
Foi com esse espírito que lançámos o Pacto pela Valorização da Profissão e da Atividade do Farmacêutico Comunitário, chamando o país a assumir compromissos claros para valorizar estes profissionais. Defendemos que a sustentabilidade do sistema não pode ser pensada sem cuidar de quem o sustenta diariamente. Profissionais motivados e reconhecidos significam cidadãos mais bem acompanhados e um SNS mais preparado para o futuro.
É também por essa razão que defendemos a evolução contínua da residência farmacêutica. Não como bandeira corporativa, mas como um passo necessário para garantir qualidade, exigência e equidade no percurso formativo. Sabemos que uma formação sólida reflete-se diretamente no serviço que é prestado às pessoas, seja numa farmácia comunitária, num hospital ou num laboratório.
Ao mesmo tempo, acreditamos que os jovens farmacêuticos devem estar próximos da vida cívica e política. A saúde não se constrói apenas nos gabinetes ou nos balcões. Constrói-se também nos lugares de decisão. Por isso temos incentivado a participação e criado espaços de debate, conscientes de que cada medida de política pública acaba por ter impacto direto na vida de todos nós.
Todas estas iniciativas partem de uma mesma ideia: a profissão só tem sentido se continuar a ser construída a partir da perspetiva da pessoa. Não doente, não utilizador, não número de sistema. Pessoa. Aquela que encontramos todos os dias, com dúvidas, rotinas, expectativas e fragilidades.
Celebrar o Dia Nacional do Farmacêutico é, assim, celebrar essa relação essencial. É reconhecer que, em cada fase da vida, os farmacêuticos estão presentes. Quando uma família procura aconselhamento para uma criança, quando um adulto precisa de compreender melhor o seu tratamento, quando um idoso encontra no farmacêutico alguém que o escuta sem pressa, quando um país precisa de um setor da saúde e ciência que seja competitivo. É nessas situações, tantas vezes invisíveis, que a profissão revela o seu verdadeiro valor.
O futuro exige que mantenhamos esta proximidade, mas também que tenhamos coragem para inovar e evoluir. A ciência abre-nos novas possibilidades, as necessidades da sociedade transformam-se, e cabe-nos a nós garantir que a profissão acompanha este ritmo sem perder a sua essência.
Hoje, a Direção da APJF reafirma este compromisso: somos farmacêuticos porque acreditamos que cada pessoa merece confiança, clareza e cuidado. Porque sabemos que a saúde precisa de rumo — e que, sem bússola, não há caminho.
Assinado: A Direção da Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos