Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos
O estudo, divulgado hoje e promovido pela associação representativa dos jovens farmacêuticos, revela que 48% dos farmacêuticos com menos de 35 anos estão insatisfeitos com as condições de trabalho.
Os resultados do estudo têm sido a base de discussão com vista à assinatura de um memorando de entendimento – o Pacto – entre várias entidades do setor com medidas e objetivos para o desenvolvimento da profissão farmacêutica na área de farmácia comunitária.
Um inquérito promovido pela Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF) revelou, com base na participação de mais de mil farmacêuticos comunitários de diferentes faixas etárias, que a satisfação geral com a profissão apresenta desafios significativos. O estudo avaliou as perceções dos profissionais sobre as suas condições de trabalho e de exercício da sua atividade profissional.
Mais de 90% dos farmacêuticos comunitários dizem-se preocupados com as condições do mercado de trabalho em Portugal. 30% referem que já procuraram oportunidades de trabalho em farmácia comunitária no estrangeiro, valor que sobe para 4 em cada 10 nos casos dos farmacêuticos com menos de 35 anos.
Os principais desafios e constrangimentos assinalados pelos farmacêuticos são a remuneração (3 em cada 4 não se encontra satisfeito com a sua remuneração, principalmente em função das suas qualificações profissionais e da realidade socioeconómica do país), o equilíbrio entre a vida profissional, pessoal e familiar (67% dos inquiridos sentem que não existe um equilíbrio entre estas três vertentes das suas vidas) e as perspetivas de progressão na carreira (83% dos farmacêuticos comunitários não está satisfeito com a perspetiva de carreira oferecida na área de farmácia comunitária). O Estudo indicia ainda que as dimensões remuneração e equilíbrio entre a vida profissional, pessoal e familiar figuram entre os fatores que mais influenciam a motivação dos profissionais, com 98% a classificá-las como “Muito Importante” ou “Importante”.
Os resultados apontam ainda a necessidade de regulamentos e normas suficientes e adequados para o exercício da atividade farmacêutica e a necessidade de um maior investimento, por parte das entidades empregadoras, na formação dos seus colaboradores, como aspetos a melhorar.
Apesar das dificuldades, o estudo evidencia também aspetos positivos: de um modo geral, os farmacêuticos consideram que as farmácias dispõem das condições essenciais de qualidade, segurança, privacidade dos utentes e bem-estar das equipas. Por sua vez, 96% dos inquiridos acreditam que o seu trabalho e atividade têm um impacto positivo na saúde e bem-estar da população.
Em contexto de grande mudança e volatilidade, o Pacto pela Valorização da Profissão e da Atividade do Farmacêutico Comunitário surge como uma iniciativa que pretende promover a melhoria das condições laborais e a implementação de políticas que incentivem a qualificação, a diferenciação profissional e a conciliação entre a vida pessoal e profissional. Em declaração, Lucas Chambel, presidente dos jovens farmacêuticos, refere que “acreditamos que este pode ser um primeiro sinal importante e uma base para uma ação coordenada que garanta a atração e retenção de talento farmacêutico nas farmácias e, ao mesmo tempo, que crie condições para o desenvolvimento das farmácias a médio-longo prazo, para que possam continuar a prestar serviços e cuidados farmacêuticos à população em proximidade”.
A APJF confirma ainda que esta proposta de compromisso já está a ser trabalhada em articulação com a Ordem dos Farmacêuticos, o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos, a Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia, a Associação Nacional das Farmácias, a Associação de Farmácias de Portugal e a Associação Portuguesa de Farmacêuticos para a Comunidade. A este respeito, Tiago Rodrigues, Vice-Presidente da APJF e um dos coordenadores do Estudo, assinala que “tivemos oportunidade de reunir e discutir os resultados com as organizações representativas do setor farmacêutico” e revela que “há uma grande abertura e um consenso alargado de que precisamos de uma agenda coletiva que promova o desenvolvimento pessoal, profissional e social dos farmacêuticos e que, nesse sentido, os principais aspetos a incluir no Pacto já estão identificados”. O dirigente associativo sublinha ainda que os jovens farmacêuticos não estão a exigir um caderno de encargos ao setor, mas estão antes a encontrar as bases necessárias para uma ação conjunta e coordenada.
A assinatura do acordo entre as várias entidades do setor com medidas e objetivos concretos acontecerá brevemente.